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quinta-feira, 7 de março de 2013

Intervenção da deputada Manuela Cunha, na sessão de Fevereiro, da Assembleia Municipal de Almeirim

Na sessão ordinária da Assembleia Municipal de Almeirim, realizada no dia 27 de Fevereiro, Manuela Cunha, eleita de «Os Verdes» nas listas da CDU, interviu no âmbito da análise e discussão do Relatório de Auditoria relativa ao cumprimento da aplicação da Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso (LCPA) (Lei n.º 8/2012, de 21 de Fevereiro e Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de Junho), que se divulga.


INTERVENÇÃO:

«Para a CDU, e independentemente dos objectivos que levaram à realização desta auditoria, o que consideramos importante salientar é que o seu conteúdo vem confirmar as acusações que fazemos, de longa data, à gestão da maioria PS: Falta de rigor; Não cumprimento da Lei; Mau funcionamento dos serviços camarários; Falta de transparência. Práticas que têm tido consequências lesivas para os munícipes, para o interesse público e para a democracia.

Muito esforçada que seja toda esta encenação, ninguém acredita que as anomalias, agora confirmadas pela auditoria, nomeadamente a falta de cabimentação prévia dos compromissos assumidos, sejam uma novidade na prática da Câmara Municipal de Almeirim e na gestão desta autarquia, e que estas sejam do desconhecimento de qualquer um dos elementos do Executivo, do Presidente aos Vereadores com responsabilidades politicas atribuídas. Não estou obviamente a falar dos dois Vereadores da oposição.

Ninguém acredita, ou então fazem-se de ingénuos, tanto mais que a cabimentação prévia da despesa não é nenhuma novidade na gestão autárquica e seu cumprimento foi muita vez questionado pela CDU, nomeadamente por mim quando Vereadora, nos dois mandatos anteriores. Encontrarão em muitas actas a minha pergunta, “Isto foi cabimentado?”, “Mas há dinheiro para cabimentar esta despesa?”. Por exemplo, quando o senhor Vereador Pedro Ribeiro apresentava a lista de subsídios para as associações, quando questionado sobre o valor total dos subsídios a atribuir, respondia que não sabia, então como é que sabia se tinham cabimentação? Mas este é só um exemplo.

E se agora a Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso (LCPA), vem criar um quadro de novas exigências, com as quais a CDU discorda e que só visa, na opinião dos dois partidos que compõem esta Coligação, o PCP e “Os Verdes” impor um verdadeiro garrote às autarquias locais, estrangulando a sua capacidade de intervenção, não podemos, no entanto, dizer que as anomalias apontadas por esta auditoria à contabilidade da Câmara Municipal de Almeirim decorram das dificuldades introduzidas por essa nova Lei. Decorrem sim, de uma prática de exercício do poder, alicerçada num misto de caciquismo e de laxismo na forma de gerir a autarquia, da responsabilidade dos políticos do PS que têm governado os destinos do Município com maioria absoluta e têm reflexos muito negativos no funcionamento dos serviços e no próprio desempenho dos trabalhadores no cumprimento das suas funções públicas.

Se fossemos ingénuos, e nós nesta bancada não nos armamos em ingénuos, talvez interpretássemos a divulgação pública e rápida desta auditoria - que tanto contrasta com a prática habitual de colocação de obstáculos no acesso da oposição à informação - como uma melhoria na prática do poder originada pela bonança própria de quem vai deixar o barco e a abertura do PS a este agendamento, como uma vontade de romper com estas práticas. Práticas estas que dificultam, quando não impedem totalmente, o exercício dos direitos e deveres dos deputados e da Assembleia Municipal. Um dos últimos exemplos disto, foi o que aconteceu com o PAEL, mas existem muitos outros.

Então acreditamos que os mesmos que trouxeram aqui o PAEL, cometendo uma grave irregularidade, que mandaram o PAEL para a administração central sem que o Plano de Ajustamento tivesse sido aqui aprovado pela Assembleia, mudaram de atitude. Mas lá na administração central, onde deu entrada a queixa da CDU, deve haver algum documento a dizer que o Plano de Ajustamento foi aqui aprovado, senão como é que tinham dado andamento e aprovado o PAEL? Como é que o Tribunal de Contas tinha dado o visto ao PAEL, se não tivesse lá qualquer elemento a dizer que tinha sido aprovado? Não sei, há qualquer coisa de esquisito? Então e agora são os mesmos elementos que descobrem uma anomalia, outras anomalias que são práticas correntes.

Como tal, a CDU não se vai deixar amarrar pelo enredo novelístico que alimenta a Comunicação Social e pretende com esta intervenção “colocar o dedo na ferida”. Não venham cá com cantigas para tentar justificar a criação do Departamento de Finanças e impor um Director de Departamento. A Lei não o permite, não há volta a dar. Mas mesmo que o permitisse, a CDU considera que a prioridade era outra, era a criação dos quadros intermédios de chefias, os chefes de divisão, há muito previstos no quadro de pessoal da Câmara e nunca providos. Para um bom funcionamento dos serviços, as cadeias hierárquicas fazem-se com patamares progressivos e não saltando todos os degraus.

E também não venham cá com cantigas. Quando estão com guerrilhas internas é que descobrem as anomalias de funcionamento!

Não podemos terminar esta intervenção sem deixar aqui bem vincada a nossa preocupação, caso esta forma de estar e gerir os destinos do Concelho se venha a perpetuar. Estamos muito preocupados com as consequências que poderão recair nos próximos tempos, muito concretamente nos próximos 14 anos, sobre a autarquia e sobre os munícipes de Almeirim, na sequência não só das imposições do PAEL - que desconhecemos, porque desconhecemos o Plano de Ajustamento onde estão definidas essas imposições e medidas que se vão tomar e muitas delas vão se reflectir directamente no bolso dos cidadãos - mas também estamos muito preocupados com as sanções previstas, em caso de incumprimento dessas imposições. Essas serão muito graves e quem não vai cumprir os compromissos será o Executivo, mas quem vai levar com o pau nas costas será o povo de Almeirim, nomeadamente como o aumento do IMI para taxa máxima e isto é que foi omitido aqui nesta Assembleia aos cidadãos, ao não trazer aqui o Plano de Ajustamento. Estamos preocupados com o cumprimento e com o incumprimento, tanto mais que nada disso veio aqui a deliberação.

Parem de distrair os cidadãos desta terra com telenovelas, tornem a Câmara transparente, tragam os documentos que devem trazer a conhecimento e debate desta Assembleia, ouçam as opiniões dos outros e o Município vai andar muito melhor e todos vamos ganhar com isso.






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